Ontem, uma atendente me perguntou se o colar que eu estava usando no pescoço era uma guia. Eu respondi que poderia ser entendida como uma guia, porém, era para uma deusa. E ela perguntou qual deusa e eu respondi de Hécate. É um colar que tenho há muitos anos e foi feito por uma ex-aluna da Jornada da Heroína. Foi consagrada para Hécate e ao longo dos anos fui incluindo outros símbolos relativos.
E aí, ela me fez a pergunta que inspirou essa news: Qual a sua religião?
Não lembro qual foi a última vez que alguém me perguntou isso. Eu respondi sem hesitar: da deusa.
Ela ficou com uma incógnita na cabeça, sorriu e disse: que legal! Terminou o atendimento e segui liberando a fila.
Foi a primeira vez que disse em voz alta e para uma completa estranha que minha religião é da Deusa. Lá mesmo, enquanto esperava meu pedido, escrevi em alguns dos grupos de alunas da Jornada da Heroína e perguntei se elas tinham vergonha ou medo de assumir sua religiosidade quando perguntada.
A maioria respondeu que responde tranquilamente. Algumas seguem somente a religião da Deusa, outras são umbandistas também, espiritas e sim, até católicas. Outras, tem medo de dizer. Algumas escondem da família e outras desviam o assunto, dizendo que é só estudo dos arquétipos, algo psicológico, outras que é só história e tal.
Eu só fiquei curiosa mesmo, porque nunca em nenhum momento eu impus qualquer coisa para ninguém das jornadas, mas também nunca escondi que meu trabalho é sim religioso e devocional. Eu não lido com arquétipos de deusas como se fosse uma matéria ou objeto inanimado ou apenas como teorias a ser compreendida ou estudada intelectualmente, apesar de ter tudo isso presente na parte teórica das aulas.
E ontem, foi a primeira vez, após 11 anos que me senti à vontade para falar sobre isso com as alunas atuais e me surpreendi como uma grande maioria vê e vive o que ensino como religiosidade.
Eu posso dizer que foi um misto de surpresa e orgulho.
A Deusa tá aí. Chegou e entrou nos corações e vidas dessas mulheres. Não como objeto de estudo, mas como companheiras de caminhada.
Eu sei muito bem que posso viver essa religiosidade livremente no mundo atual, porque vivo em uma grande metrópole que sou apenas uma areia. Se eu morasse em outros lugares, talvez não fosse tão simples assim.
Minha casa é um altar. Tem estátuas para todo canto e tudo na minha vida tem religiosidade e devoção como base do meu viver.
Já tive meu site boicotado várias vezes, em uma vez, conseguiram tirar ele do ar e até hoje, não consegui retomar a descrição do meu site quando se faz uma busca no google.
Eu sigo no instagram em shadowban. Já fiquei sem conseguir seguir ninguém, não tenho mais alcance nas minhas postagens e número de seguidores só cai. Isso começou a acontecer após uma mulher evangélica expor minha página em seus stories, só porque eu estava falando de Madalena. E eu sei, que por falar de Madalena da forma que falou é heresia para esse povo. E ela me chamou de herege e falsa profeta (quando falei que era profeta não sei), entre outras coisas.
Sei que ela não foi e nem será a única e nem a última. Já tive pessoas que vieram em minha página falar que somente Deus ou Jesus salva, que minhas deusas isso ou aquilo. Porque eu falo das deusas de um lugar de adoração e não escondo e não vou esconder.
Mas, isso vai contra a base social que é monoteísta. E isso é sim um problema, mas eu não vou recuar e nem me acuar, já são 11 anos e vou continuar até quando a Deusa quiser que eu continue. É uma pena que eu receba denúncias e shadowban, falando de amor, de afeto, de deusas e mulheres. Enquanto, muitos seguem livremente falando de ódio, fakenews e tantas barbaridades.
Não estou aqui para chorar pitangas, até porque sei que não dá em nada. Eu sigo mesmo com todas as restrições, limitações e empedimentos. Sigo confiando na Deusa e que as mulheres chegam até mim por Ela.
Só estou escrevendo isso, porque fiquei curiosa, se você, que não segue nenhuma das religiões monoteístas, tem vergonha ou medo de assumir isso para as demais pessoas quando te perguntam qual sua religião?
Eu já fui daquelas que respondia que não tinha religião, somente porque não acreditava no Deus monoteísta. Porém, entendi (especialmente após especialização em psicologia junguiana) que o ser humano é religioso e precisa da religião (não estou falando de dogma) e então, entendi, que não era só porque não acreditava no Deus monoteísta, que eu não tinha religião.
Eu tinha sim. É que na época eu não conhecia a Deusa assim.
Hoje, eu sei.
A Deusa é minha religião, e não tenho nem vergonha e nem medo de gritar aos quatros cantos e muito menos exercer meu sacerdócio dedicado à Ela.
Um grande beijo!
Sinto muito isso tudo, Ana. Você faz um trabalho lindo, potente e que é puro amor. ♥️✨
Eu agradeço muito a Deusa por ter me trazido de volta a ela e isso muito graças a você. Sobre religião, cresci na católica, hoje sou umbandista e acho que nunca tive medo de falar por causa dos meus privilégios de branca, classe média, porém acho que as religiões de matriz africana, embora mais aceitas agora, ainda são muito palco de preconceito e perseguição. O terreiro mesmo que frequento já foi atacado diversas vezes pelos evangelicos da região, maas, eu também vejo que, quando saio com minhas guias muita gente começa a cumprimentar com um axé, um saravá