#41 Agora a deusa,
em sua dança da criação e destruição
A dança é uma das manifestações mais poderosas da deusa. Veja a deusa dançando no vento e nos grandes vendavais. Veja a deusa dançando nas águas que correm pela terra e que caem sobre nós dos céus. Veja a dança da deusa quando percorre uma floresta e vê o convite que cada um faz ao outro, para a dança da sustentação e manutenção. Pássaros dançam com as sementes. Abelhas rebolam nas flores extasiadas com o pólen. As folhas aceitam os convites dos ventos e se entregam sem medo, algumas, até o fim, caindo de exaustão na terra. Veja a dança dos animais, que dançam para copular, que dançam o prenúncio da mudança de tempo e dançam até quando migram. Dançam ao se encontrar e se farejar, dançam para caçar e dançam em uma brincadeira definitiva com suas presas. Nossa, que coisa mais terrível de se dizer - a natureza é generosa e cruel ao mesmo tempo. Não se engane, você também é. A deusa que dança a criação que gesta dentro dela e que precisa de uma dança vigorosa para trazer seus filhos à vida é a mesma dança, que convoca e recolhe os mortos, de volta ao buraco negro da criação e da aniquilação. Tudo dança porque não pode parar. Desde que o mundo veio a existir, ele não parou um segundo de dançar. A vida é um ato continuo de tirar algo ou alguém para dançar. É uma dança e um convite. Um convite para uma dança - até a exaustão. O que não é a morte senão a recusa a dança? É quando os sapatos vermelhos já se desfizeram, quando nossos pés já sangraram, quando o que resto é um esqueleto que se remexe e se contorce, decretando a dissolução. A dança que um dia a deusa iniciou acaba em nós com nossa última expiração. A deusa dança em nós entre a inspiração e expiração. Uma deusa, um duelo, uma sustentação e uma aniquilação. O tempo todo, bailamos com a vida e com a morte. Não há separação. Por isso, que a dança também é Kālī, aquela que dá o ritmo com seu pé que bate no chão e chama a vida para levantar das profundezas de tudo aquilo que morreu. O que estava morte, obediente, levanta-se, e volta a viver pelo seu comando. O bater dos pés de Kālī é mais do que um convite é uma exigência. Viva! Viva! Viva! Não acredite que a morte era seu fim, pelo contrário, ela foi uma etapa necessária para que você pudesse voltar a viver. O ciclo não tem fim, enquanto ela não finalizar sua dança. Enquanto Kālī dançar, nós seguiremos morrendo, renascendo, vivendo e voltando a morrer. Pelo tempo de duração da dança de Kālī, da dança de Eurínome, de Neith, Auset e Hathor e todas as sacerdotisas da deusa, que acompanham sua mestra que a domina das suas entranhas para fora, que comandam cada parte do seu ter: dance! dance! dance! E nós, sem poder resistir, sem saber fazer algo que não seja dançar, segue dançando e marcando o ritmo da dança da deusa - cantamos, gritamos, uivamos, choramos, gememos, gargalhamos, batemos os pés nos chão, batemos palmas, jogamos os cabelos para os lados como se fossemos rizomas, tocamos instrumentos criados e improvisados, nosso corpo vai para terra, vai para os céus, vai em direção uma das outras e vai para dentro onde no lugar mais central e vital de nós mesmas te reencontramos e de lá, voltamos a dançar e dançar e dançar. Não sabemos fazer outra coisa, porque não dançar é morrer e morrer não é uma opção. Porque morrer, neste conceito, não é não viver neste corpo, mas é existir vivendo em um mundo onde você morreu. Nós, suas sacerdotisas, suas mulheres, seguimos dançando, porque seguimos mantendo você viva em nós, você viva no mundo, mantendo sua criação cuidada, educada, nutrida, abençoada e protegida por todas nós. A dança é sua criação, seus desdobramentos, seu corpo, sua benção para todas nós. Houveram e seguem existindo àqueles que querem parar sua dança, que querem punir sua dança, que querem destruir sua dança. Mas, isso não é possível, porque àquela que cria também é aquela que destrói. E a Mãe dançarina nunca deixaria que de fato algo fosse destruído, o que eles destroem são apenas as falsas ilusões e ignorâncias com as quais se debatem, sem de fato, nada encontrar - batem os braços e as pernas, como filhotes se afogando nas águas criadoras. Lutando contra as próprias mães, lutando contra a própria criação e a própria vida. Ignorantes da própria verdade, crédulos das mentiras que contaram sobre Ela e sobre eles mesmos. Nada sabem de fato Dela. Nada sabem de fato Dela. Nada sabem de fato Dela, porque pararam de dançar. E parar de dançar e seguir uma vida sem dançar, é cortar o cordão umbilical da mãe para seu filho, é fazer a escolha errada. Escolheram qualquer mentira ao invés do milagre. Escolheram seguir separados, desgarrados, desnutridos, como zumbis perdidos. Mas, a deusa dançarina nunca desiste dos seus filhos, ela chama de volta até mesmo àqueles que a renegaram, e ela olha nos seus olhos no final, e eles voltam a entender….no final, todos eles choram como bebê nos pés da Mãe. Em total desespero e ela em total amor. Ela não sabe fazer outra coisa, ela não conhece outra coisa. Dançar é amar. Ela é amor. Ela dança porque ama e dançar é espalhar amor, é expandir amor é querer alcançar o outro e convidá-lo para amar com você. Dançar é algo que nunca fazemos só - dançamos com ela ou melhor, ela dança em nós e não conseguimos resistir, dançamos ela e essa dança dela é um convite, que desperta seus filhos e suas filhas, a natureza e todos os seres, os elementos e todo o cosmos e a criação. Tudo que existe e veio dela dança, porque sua dança é criação e sua dança é dissolução. Sua dança é desenvolvimento da vida e manutenção da vida. Sua dança é também renascimento. Sua dança é uma dança que nunca acabou…por que ela não acabou o que sonhou para você. O sonho dela segue vivo através da dança cósmica das deusas que seguem dançando para manter seu sonho vivo - o sonho da deusa é você.
Texto inspirado após a iniciação em Kālī e Ananda Tandava com minha querida irmã de caminhada tântrica de outras vidas, Danny Bellini, e que seguiu tecendo o que já abri na nossa conversa passada quando já falei da Deusa, da dança, terra e mulheres.
Se você quiser conhecer o yoga tântrico não dual, te convido a vir fazer yoga mulheril comigo, em uma prática exclusiva para mulheres e os ciclos femininos, que vem acontecendo desde a pandemia apenas online com aulas gravadas também disponíveis, todas as segundas e quartas às 19h e terças e quintas às 8h. Se for do seu interesse, me escreve: devisshala@gmail.com
Se você quiser experimentar a deusa para além do intelecto no seu ventre e coração, estamos com um Apoia.se bem bacana, onde nossas apoiadoras irão receber uma ‘Carta da Deusa’ (com uma mensagem inspirada, canalizada), uma meditação de conexão com a deusa do mês (que irá se apresentar na ‘Carta’), e um plus, que é um jogo oracular através dos oráculos da deusa, para guiança e orientação para o mês. Está bem bacana e a ideia, é que mais e mais mulheres tenham a EXPERIÊNCIA da Deusa e participem dessa construção de uma espiritualidade mulheril.




Fiquei até tonta com o texto! Quanta potência e sabedoria. ❤️